Organizar processos M&A requer uma longa jornada de análise e investigação de dados. Nesse sentido, uma das tarefas importantes é o valuation, que compreende um estudo completo de aspectos operacionais, financeiros e comerciais para determinar o valor justo de uma companhia que vai fazer parte da fusão ou aquisição. Para seguir com o processo e tomar uma decisão correta, os gestores e executivos precisam dessa informação em mãos.
Nesse sentido, se você deseja reduzir os problemas nas fusões e aquisições e garantir que elas ocorram com sucesso, segurança e agilidade, entenda tudo o que você precisa saber sobre esse assunto!
O que é valuation?
O processo de valuation envolve uma análise minuciosa dos aspectos relevantes de um negócio que impactam no seu valor. São realizados cálculos que levantam a projeção de lucros e do fluxo de caixa, bem como conferência de ativos com a subtração dos passivos, entre outros. Contudo, mesmo que seja uma fase importante em processos M&A, não é exclusividade desse tipo de operação.
No mercado financeiro, é um conjunto de tarefas que ajudam investidores a entenderem se um investimento vale a pena ou não. Com essa avaliação, eles conseguem identificar o retorno sobre o investimento, bem como a taxa de lucro futura. Além disso, o valuation é crucial em processos como: consultoria financeira, abertura de capital de empresa, distribuição de dividendos e financiamentos.
Na etapa de investigação para determinar o valor, as empresas interessadas analisam o histórico de preços de um ativo e os similares no mercado, a fim de obter uma visão completa e verdadeira acerca da condição do investimento. O objetivo é determinar se é um risco ou uma oportunidade de sucesso, se o preço está muito caro, justo ou muito barato.
Essa análise envolve métodos de cálculo que necessitam de uma grande quantidade de dados e variáveis financeiras. Ao longo do artigo, vamos explorar cada uma das principais técnicas utilizadas para dar seguimento ao processo. Nesse sentido, é importante obter segurança e organização no levantamento dos dados, de modo a não errar.
Voltando aos processos M&A, o valuation é essencial, assim como o due dilligence. Enquanto a diligência envolve estudo de uma série de fatores mais amplos para identificar riscos, o valuation é focado no valor justo de um ativo, com métodos quantitativos a fim de determinar isso.
Para que ele é feito?
Já vimos do que se trata, mas temos que entender como é relevante para os processos. Em transações M&A, por exemplo, valuation é crucial para que as empresas obtenham sucesso em suas estratégias.
Como essa análise permite previsibilidade, com a identificação dos resultados de uma companhia nos próximos anos, uma de suas utilidades é o estabelecimento de acordo entre as partes interessadas em uma negociação.
Ora, quem trabalha com mercado financeiro sabe como isso é difícil em alguns casos, já que é necessária uma metodologia comum e transparente que permita que todos entendam valores exatos e fiquem satisfeitos, sentindo que não estão perdendo dinheiro na transação.
Fusão e aquisição
Em processos de fusão, por exemplo, as empresas que tomam a iniciativa devem conduzir o processo de valuation da empresa-alvo, a fim de entender quais as oportunidades e riscos com a união. No caso de uma fusão de duas organizações, por exemplo, a análise das operações, das questões fiscais e da receita vai garantir a tomada de decisão e que as duas cheguem a um valor justo para ambas.
Já durante o processo de uma aquisição, o preço oferecido pela vendedora deve estar em conformidade com o que é apresentado pela compradora, para que tudo ocorra bem e o processo siga até a decisão final.
Uma aquisição de empresa familiar, por exemplo, é um tipo de operação que geralmente envolve dissidências e um certo apego emocional. Os herdeiros enxergam a companhia como parte da própria família, e isso pode obstruir o processo de negociação, gerando desacordo com relação aos valores e expectativas.
Por isso, o levantamento de dados de lucros de ação e patrimônios ajuda a esclarecer o conhecimento e a estabelecer um idioma comum para os todos os envolvidos na transação. Em suma, isso facilita a negociação e impulsiona os resultados, eliminando o gargalo do desentendimento.
Alinhamento de expectativas
Assim, é possível alinhar as expectativas. A análise de valuation explicita os pontos fortes e fracos do negócio, assim como as oportunidades de crescimento e dá insights sobre o que será preciso fazer para estruturar bons resultados e manter um índice saudável de lucro. Desse modo, dá para ajustar as expectativas e garantir que todos estejam cientes da situação e condição financeira da organização.
Transparência
Além dos processos de M&A, a avaliação geral também é indispensável como um meio de obter transparência fiscal e legal. Em um caso de entrada e saída de sócios na empresa, por exemplo, em que é preciso ter a noção do valor para a divisão, isso é relevante. Disputas judiciais envolvendo acionistas também requerem esse tipo de análise para embasar os argumentos e as decisões.
Organização financeira
Da mesma forma, pode ser enxergado como uma maneira mais detalhada de organizar as finanças. Startups ou empresas emergentes geralmente recorrem a essas técnicas para levantar o valor real a fim de buscarem investidores de capital de risco, por exemplo.
Vale ressaltar também que, como já citamos, em casos de oferta pública inicial (IPO), a primeira venda de ações de uma organização. Nesse processo, é importante saber qual será o valor dessas ações para a oferta.
Ou seja, também é importante para empresas investidoras que estejam interessadas em processos como private equity ou venture capital, que são formas de investimentos em companhias já estabelecidas com o objetivo de impulsionar o crescimento.
Quais as vantagens de realizar o valuation?
Como já vimos, valuation envolve uma análise minuciosa de aspectos financeiros, operacionais, comerciais, entre outros. Uma das principais vantagens disso é a avaliação de aspectos intangíveis, como a marca da companhia. Com a investigação desses detalhes importantes, a empresa consegue chegar a uma visão mais ampla acerca do impacto dela no mercado e do seu posicionamento diante das concorrentes.
Em uma transação M&A, é importante ter isso em consideração antes de fechar negócio. Afinal, a estratégia de fusão ou aquisição depende de um conhecimento profundo de como as empresas-alvo se posicionam e como a transação vai representar uma mudança com relação ao mercado atual.
Se é o caso de uma organização de um segmento tentando chegar a outro por meio de uma aquisição, por exemplo, valuation permite mensurar o impacto que isso causará no novo nicho.
Embasamento de decisões
Da mesma forma, é importante para embasar decisões da gerência. Funciona assim: a concentração de dados relevantes permite uma concepção irrestrita que enxerga problemas minúsculos que não estavam claros. Com isso, a empresa é capaz de tomar melhores decisões e solucionar esses problemas, com foco na evolução e no crescimento.
Associada a isso está a previsibilidade. Como vamos examinar com cuidado no próximo tópico, valuation permite que a companhia consiga prever com cálculos os lucros no futuro e se os investimentos garantirão um bom retorno.
Essa característica é o que atrai investidores e companhias antes de fusões e aquisições, por exemplo. Com essa percepção acerca do futuro, é possível tomar uma decisão correta no presente.
A análise pode ajudar a identificar problemas no fluxo de caixa, por exemplo, o que estimula metas e objetivos para reparar essa situação. É possível levantar os fatores que desvalorizam a empresa, nomear cada um deles e ter a base necessária para a ação de reparação disso.
Visão adequada
Outra vantagem é a visão adequada acerca das limitações do negócio. Veremos como esse processo requer uma análise inicial da empresa para determinação do método de cálculo ideal, de acordo com suas características e com o seu porte. Ou seja, até para dar o primeiro passo, o ato de analisar o valor da organização já ajuda a obter uma visão mais completa acerca de suas condições.
Em casos de empresas emergentes, como startups, o valuation funciona como uma lupa para amplificar aspectos relacionados à viabilidade do negócio. Ou seja, ele apresenta de forma clara as condições e se é possível continuar sustentável dentro daquele caso, considerando, inclusive, macroaspectos, como as incertezas e volatilidade do mercado geral.
Quais métodos de valuation existem?
Valuation é um processo que envolve cálculos. No entanto, eles podem ser feitos de diferentes formas, investigando variáveis distintas. Cabe a cada gestor escolher o que melhor funciona de acordo com as especificidades do seu negócio ou a cada investidor com relação ao negócio em que deseja investir. Vamos entender melhor as diferenças entre os principais métodos.
Fluxo de Caixa Descontado (FCD)
O mais usado é o Fluxo de Caixa Descontado. Consiste na análise do fluxo de caixa e projeção das entradas e saídas, com o desconto de uma taxa que reflete a desvalorização do capital e os riscos do negócio. Assim, determina se há a capacidade de retorno futuro sobre o investimento realizado.
É o método mais preciso de todos, no entanto, apresenta alguns requisitos para funcionar bem: o ideal é que a base de projeção seja entre no mínimo cinco anos e dez anos no máximo. Sendo que, quanto maior o tempo de análise, menor é a precisão dos resultados.
Essa técnica é ideal para companhias maiores, com uma certa previsibilidade de caixa e uma boa capacidade de investigação de dados do passado. Startups ou negócios que nasceram recentemente não se enquadram por não apresentarem dados suficientes para observação.
Múltiplos mercados
A estratégia dos múltiplos mercados envolve a comparação com outras empresas dentro de um mesmo segmento, ou seja, organizações similares para traçar um resultado relativo. Começa com a definição de um indicador importante: definido pela divisão entre o preço das ações pelo lucro das ações acumulado nos últimos meses. Então, esse valor levantado é comparado com os valores de outras companhias.
O método pode incluir também uma comparação com dados históricos da própria empresa. É importante analisar fatores externos que podem distorcer o resultado do método, como fusões e outras questões.
Valor contábil
A abordagem contábil considera uma análise de todos os ativos tangíveis da empresa e soma esses valores para chegar a um resultado. Evidentemente, avalia também questões de amortização e depreciação.
É um método pouco utilizado, principalmente considerando o cenário crescente de organizações que abrem mão de estruturas físicas e de ativos tangíveis para virtualizar seus recursos, como startups e empresas de tecnologia.
Valuation de liquidação
O valuation de liquidação analisa ativos e passivos circulantes e não-circulantes. Então, para chegar ao valor, é preciso realizar uma subtração dos ativos pelos passivos.
Um ativo circulante está relacionado ao caixa e valores a receber, fatores dinâmicos que mudam ao longo do tempo. Ativos não-circulantes são os equipamentos, máquinas e questões relacionadas com a estrutura física da companhia.
Já um passivo circulante, por sua vez, está associado às contas a pagar, dívidas e empréstimos de curto prazo. Já a definição de passivo não-circulante inclui obrigações contratuais, tributárias e créditos de sócios, por exemplo.
Uma característica dessa estratégia é que ela não avalia condições de continuidade do negócio, nem as variações que podem ocorrer a médio e longo prazo.
12 fatores de risco Existem também os 12 fatores de risco, um método que utiliza um conjunto padrão de aspectos para analisar a sustentabilidade da empresa e determinar a projeção do valor de caixa. Primeiro, precisa de um valor padrão, levantado com a comparação com dados de outras companhias. Então, é preciso descontar ou aumentar esse número em 500 mil se o risco é muito baixo, ou muito alto, respectivamente. Se o risco for apenas baixo ou alto, há uma variação proporcional de 250 mil. Se o risco é normal, o valor do caixa permanece inalterado. Os fatores que devem ser analisados pela empresa para ganhar o devido são:
Risco gerencial;
Estágio do negócio;
Legislação/Risco político;
Risco de produção;
Risco sobre as vendas;
Risco sobre o financiamento;
Risco de competição;
Risco de tecnologia;
Risco de litígio;
Risco internacional;
Risco de reputação;
Potencial de saída lucrativa. Depois de todos os acréscimos e decréscimos, a empresa chega a um resultado que representa o caixa. Esse método é ideal para empresas iniciantes.