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Setores pouco visados, mas altamente especulados para M&A em 2025 no Brasil

  • Foto do escritor: Deallink
    Deallink
  • 6 de ago.
  • 4 min de leitura

À medida que o mercado de fusões e aquisições avança em 2025 no Brasil, investidores institucionais, fundos de private equity e grandes corporações têm direcionado seus olhares para além dos setores tradicionalmente mais atrativos. Embora segmentos como tecnologia, saúde e infraestrutura continuem ocupando protagonismo, uma movimentação silenciosa e estratégica tem ganhado corpo em setores menos visados pela mídia e pelas análises convencionais. A dinâmica geopolítica global, as mudanças regulatórias no Brasil e a busca por diferenciação estratégica em meio à concorrência crescente têm incentivado movimentos especulativos em áreas até então consideradas periféricas no radar do M&A. Esses setores “invisíveis”, mas com alto potencial de valorização, passaram a representar uma alternativa tática relevante diante da saturação de oportunidades nos mercados mais óbvios.


Setores pouco visados, mas altamente especulados para M&A em 2025 no Brasil

Agroindústria de nicho e integração vertical


  A agroindústria, embora amplamente reconhecida como motor da economia brasileira, esconde subsegmentos que vêm despertando atenção renovada em 2025. São cadeias produtivas especializadas em insumos biológicos, proteínas alternativas, agricultura regenerativa e processamento artesanal de alimentos que, por operarem fora da lógica das commodities, oferecem margens mais robustas e forte alinhamento com as tendências globais de ESG e segurança alimentar. Investidores institucionais têm identificado nessas operações uma oportunidade de capturar valor por meio da integração vertical e do ganho de escala em mercados regionais altamente pulverizados. A consolidação de players familiares, a padronização de processos e o investimento em rastreabilidade são estratégias recorrentes que vêm sendo aplicadas para viabilizar ganhos de eficiência e ampliar o apelo exportador.


Educação técnica e microcertificações


  Outro setor que começa a emergir nos radares de M&A é o de educação profissionalizante, com foco em plataformas de microcertificações e escolas técnicas voltadas para setores de alta demanda como energia renovável, programação, logística e saúde domiciliar. O esgotamento de modelos educacionais tradicionais, combinado com a pressão por capacitação de mão de obra para setores estratégicos, tem impulsionado a valorização desses ativos. Com margens operacionais superiores às do ensino superior tradicional e maior flexibilidade regulatória, essas instituições se tornam alvos atrativos para fundos que buscam ativos escaláveis e com potencial de recorrência de receita via assinaturas educacionais. Além disso, a digitalização da entrega educacional, o uso de inteligência artificial para personalização do conteúdo e a integração com marketplaces de emprego são fatores que têm elevado o interesse especulativo sobre essas empresas, ainda que o setor permaneça fora do mainstream das análises de M&A.


Gestão de resíduos e economia circular


  No rastro da intensificação das exigências regulatórias ambientais, empresas de gestão de resíduos, logística reversa e reciclagem avançada têm ganhado protagonismo silencioso no mercado de M&A brasileiro. O marco legal do saneamento, os acordos de descarbonização e os compromissos voluntários de ESG assumidos por grandes corporações têm impulsionado a demanda por serviços ambientais especializados, tornando essas operações mais atrativas financeiramente e menos suscetíveis à volatilidade macroeconômica.


Fragmentação e oportunidade de consolidação


  O setor, historicamente fragmentado, apresenta ampla dispersão regional  e carência de padronização operacional. Isso o torna terreno fértil para estratégias de consolidação horizontal e vertical, com foco em sinergias operacionais e fortalecimento da governança. Fundos especializados em impacto têm liderado negociações com foco em operadoras médias, capazes de atender a clusters urbanos e industriais com soluções completas, incluindo crédito de carbono, rastreamento digital e reuso de materiais.


Saúde mental e terapias digitais


  As plataformas e clínicas voltadas para saúde mental, embora operando à margem do sistema hospitalar tradicional, são altamente especuladas para M&A em 2025. A crescente incidência de transtornos mentais, o aumento da aceitação social do cuidado psicológico e a regulamentação progressiva da telemedicina criaram um ambiente propício para o crescimento acelerado de serviços voltados ao bem-estar emocional. Startups que oferecem terapias digitais, consultas online, plataformas de acompanhamento terapêutico e programas corporativos de saúde mental tornaram-se objeto de análise por fundos de venture capital em estágio avançado, family offices e redes hospitalares.

Modelos híbridos e recorrência

  O modelo de negócio dessas empresas, baseado em recorrência via assinatura, oferece previsibilidade de caixa e margens relevantes quando combinado a escalabilidade tecnológica. O crescimento orgânico acelerado e o alto índice de retenção de usuários tornam essas plataformas atrativas para operações de buy-and-build. Em paralelo, há forte interesse em clínicas físicas que operam com metodologias próprias de psicoterapia breve e intervenções integrativas, abrindo espaço para consolidação regional e licenciamento de metodologias proprietárias.


Serviços especializados para o agronegócio


  Um movimento estratégico observado em 2025 envolve aquisições de empresas prestadoras de serviços de alto valor agregado para o agronegócio. São companhias especializadas em soluções de monitoramento remoto, softwares de manejo de precisão, análise genética, logística de última milha no campo e seguros paramétricos. Embora atuem nos bastidores da produção rural, essas empresas operam com margens elevadas, forte capacidade de escalar e amplo espaço para padronização e integração de sistemas. A fragmentação do mercado de agtechs e a dificuldade de acesso a crédito por parte de startups impulsionam a atuação de grupos interessados em adquirir capacidades tecnológicas prontas, evitar riscos de desenvolvimento e explorar sinergias com estruturas operacionais já consolidadas.


Infraestrutura digital regionalizada


  Embora o setor de telecomunicações já esteja amplamente consolidado, um segmento que permanece em expansão silenciosa é o de infraestrutura digital regionalizada. Empresas que operam redes de fibra óptica de última milha, datacenters de pequeno porte e serviços de conectividade em regiões remotas têm sido alvos de grupos interessados em capturar a próxima onda de capilarização digital no Brasil.


Capilaridade e financiamento estrutural


  Essas operações exigem alta intensidade de capital, mas oferecem retornos previsíveis em contratos de longo prazo com clientes corporativos e governamentais. A possibilidade de estruturação de SPACs, debêntures incentivadas e acordos de revenue share têm atraído fundos especializados em infraestrutura e telecom para esse mercado. Com as licitações regionais de 5G e o avanço de cidades inteligentes, o interesse por ativos capazes de atender nichos geográficos com baixa concorrência tornou-se um diferencial estratégico em operações de M&A não anunciadas publicamente. O cenário de M&A no Brasil em 2025 revela uma movimentação sofisticada e seletiva em setores menos expostos ao escrutínio midiático, mas com elevado potencial de geração de valor. A busca por ativos com capacidade de crescimento orgânico, diferenciação tecnológica, alinhamento regulatório e sensibilidade ESG tem direcionado a atenção de investidores para setores antes negligenciados, mas que agora se posicionam como alicerces para estratégias de consolidação, inovação e capilarização. Esses setores “pouco visados” oferecem vantagens táticas que vão além da arbitragem de múltiplos. Eles permitem acesso a novos mercados, captura de tecnologias proprietárias, redução de riscos operacionais por diversificação e criação de barreiras competitivas robustas.

 
 

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