Os anos eleitorais sempre são de grande tensão para o mercado financeiro, levando em conta o que é um problema até mesmo para os empreendedores: o risco Brasil.
Nunca se sabe quem sairá vencedor do pleito, muito menos se as políticas apresentadas em campanha serão implementadas conforme descrito. Quem opera o mercado sabe que o maior inimigo do investidor, são as incertezas.
Com isso em mente, criamos um conteúdo exclusivo sobre o que os anos eleitorais dizem sobre os números de transações de M&A no Brasil.
Confira!
Qual é a relação entre eleição e M&A?
Existem diversas vertentes de pensamento quando falamos em investimentos, e não há consenso sobre como será o futuro do país nem mesmo entre especialistas que, às vezes, fazem parte de uma mesma casa de análise.
Esse é justamente o problema. A incerteza é o maior risco para um investidor, afinal, nada garante que o próximo presidente terá responsabilidade fiscal, preocupação social, ou até mesmo que implementar as políticas que promete.
Muitos podem afirmar que não podemos depender de governos para fazer investimentos, afinal, independente do presidente, é preciso trabalhar para gerar lucro. Porém, propomos uma alegoria.
Imagine que um empreendedor abre a sua barraca de frutas e se torna um sucesso de vendas. Abre algumas filiais e começa a apenas gerenciar o negócio até se tornar tão grande a ponto de ser comprado por uma rede de supermercados.
Esse é o objetivo da maioria das pessoas que abrem o próprio negócio.
Porém, esse empreendedor é Russo, e vive em 1922. A União Soviética é formada, e todos os seus bens são confiscados. Ou ainda, é judeu, e o regime Nazista toma a sua propriedade em nome da soberania ariana.
O Brasil pode estar longe de uma ditadura ou um regime totalitário, porém, no longo-prazo, que é o horizonte para esse tipo de investimento, é extremamente incerto. Políticas fiscais desastrosas, autoritarismo, reformas monetárias fazem parte da nossa história, e podem se repetir, mas o que os números falam realmente?
Número de M&A e anos eleitorais
Apesar de, em teoria, anos eleitorais gerarem muita tensão nos mercados e uma alta volatilidade nos índices de ações em bolsa, os números compilados pela consultoria PwC, desde 2002, demonstram uma tendência inversa.
Ao longo dos 4 anos do primeiro ano do governo Lula, foi registrada uma média de 384 transações ao ano. No ano eleitoral, 2002, foram 395, ou seja, acima da média. No segundo governo, a média de 2006 a 2009, movimentou 646 transações em média, porém, no ano da eleição, ficou abaixo da média.
No primeiro governo Dilma, a média foi de 783 transações, no ano do pleito, 799. No segundo, média de 715, e em 2014, 879. Porém, na época do impeachment, em 2016, o número de transações foi de 597, o mais baixo desde 2006, voltando ao patamar anterior apenas em 2019.
No entanto, é preciso analisar em conjunto o mercado de ações para compreender um panorama geral dos dados. De acordo com a série histórica do IBOVESPA, principal índice da bolsa, os anos eleitorais são altamente voláteis.
Em 2002, fechando em queda de mais de 17%, em 2006, alta de mais de 35%. No ano de 2018, fechou em alta de 17%. Por mais que esses números impressionam, é preciso ter em mente que volatilidade é o que leva as ações tanto para cima, quanto para baixo.
Nesses momentos de alta tensão, as empresas costumam ver seus valores de mercado caindo drasticamente nas vésperas do pleito, porém, subindo vertiginosamente, ou caindo ainda mais conforme o resultado.
Dessa maneira, as empresas que visam fusões e aquisições podem aproveitar excelentes oportunidades se estiverem atentas. As razões são pela instabilidade causada, e em 2022 a polarização está ainda mais evidente, e pelas esperanças de um futuro promissor para o país.
Além das eleições
Apesar de o preço das ações de empresas caírem em anos eleitorais e rapidamente se recuperarem, não é possível fazer uma análise levando em conta apenas esse evento político, principalmente para os próximos anos.
O mundo ainda enfrenta a pandemia de coronavírus, que a cada dia surpreende com ótimas e péssimas notícias para o mercado, o que contribui ainda mais para a incerteza dos investidores.
Com a taxa de juros aumentando a cada reunião do Comitê de Políticas Monetárias do Banco Central, a expectativa é que investimentos sejam atraídos para o Brasil, no entanto, a inflação preocupa, o que afasta os investidores.
No final das contas, ao participar de transações de M&A, os profissionais depositam suas fichas no futuro, e não nessa volatilidade momentânea. É preciso ter em mente que 2022 possui grandes chances de a bolsa de valores e as empresas de capital fechado enfrentarem uma montanha-russa de valuation.
Outro fator que pesa na conta é o cenário internacional. Esse ano tende a ser de subida nos juros ao redor do mundo, também buscando reduzir a inflação que não é uma exclusividade do Brasil.
Com esse aumento, o capital de investimento deixa os países mais instáveis e incertos para entrar em regiões mais previsíveis e com maiores chances de lucro e uma rentabilidade satisfatória.
Por exemplo, se os Estados Unidos sobem os juros acima da inflação, faz muito mais sentido investir no exterior do que manter o dinheiro no Brasil com juros básicos abaixo da inflação.
Isso faz com que a avaliação das empresas caia, uma vez que os investidores cobram um prêmio de risco maior. Por mais que isso seja reflexo de uma incerteza interna, pode fomentar as transações de M&A.
Com as empresas possuindo um valor de mercado menor, as chances de receberem investimentos estratégicos em troca de equity são maiores.
O fato é que é impossível prever o futuro, porém, anos eleitorais são períodos de alta volatilidade no mercado financeiro. Profissionais atentos e que acompanham a rotina dos negócios podem encontrar oportunidades de ouro nesse cenário incerto.
Portanto, é fundamental acompanhar os desdobramentos da corrida eleitoral para compreender como os negócios serão afetados por esse momento tão importante para um país.
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