O setor bancário é um dos protagonistas na dinâmica do ecossistema econômico mundial. Mais que isso: a globalização, aliada ao processo de liberalização e desregulamentação das instituições bancárias mundiais abriu as portas para que elas passassem a oferecer novos serviços, indo além do mero intermédio de movimentações financeiras.
Nesse cenário, a M&A ganhou força e tem sido uma das estratégias responsáveis pelo crescimento do segmento. Saiba mais sobre o assunto a seguir.
M&A no setor bancário: contexto geral
A desregulamentação das atividades bancárias, isto é, a redução de empecilhos de natureza legal sobre o setor financeiro, começou a ganhar força nos Estados Unidos na década de 70. Na Europa, esse processo passou a se consolidar alguns anos depois, nos anos 80 - inclusive, no continente europeu, a dinâmica de M&A nesse segmento data de 1988.
Aqui no Brasil, tudo isso demorou um pouco mais para acontecer. Foi sobretudo após a criação do Plano Real, em 1994, que o setor bancário começou a se transformar: houve abertura para a entrada de bancos estrangeiros no país, os bancos brasileiros começaram a passar por um movimento de internacionalização e, junto com isso, as fusões e aquisições também se intensificaram significativamente.
Inclusive, elas foram protagonistas do rápido crescimento pelo qual essa área passou a partir de meados dos anos 90 até os dias de hoje.
Basicamente, os bancos têm apostado em M&A para alcançar os seguintes objetivos:
Tornarem-se maiores, ampliando sua participação no mercado;
Oferecem serviços mais variados e abrangentes;
Melhorarem sua competitividade a nível global.
No setor bancário, as vantagens das fusões e aquisições são pautadas em alguns conceitos. Um dos principais deles é a sinergia, ou seja, a partir de um processo de fusão ou aquisição, o valor da entidade como um todo passa a ser maior do que a soma do valor de cada empresa de maneira isolada.
Isso acontece por diversos fatores, desde o aumento da produtividade até a diversificação de riscos, passando por mudanças em decisões financeiras e direcionais que possam contribuir com a criação de valor.
Atualmente, com o aumento da participação das fintechs no setor bancário, os bancos mais tradicionais encontraram na diversificação de serviços uma forma de manter a competitividade. E o processo de M&A é um aliado para viabilizar isso.
Um exemplo é o próprio Banco Bradesco, que recentemente anunciou a intenção de buscar novas aquisições no Brasil, mais especificamente na área da saúde.
Na mesma oportunidade, o presidente-executivo da entidade também destacou a compra recente de uma empresa financeira no México, como estratégia para ingressar no varejo bancário daquele país.
Inclusive, essa notícia referente ao Bradesco traz luz sobre outra questão relacionada à M&A nesse segmento: graças às fusões e aquisições, as entidades bancárias conseguem manter a sustentabilidade desses outros serviços que passaram a oferecer.
O braço de seguros do Bradesco tem cerca de 4 milhões de beneficiários de plano de saúde no Brasil. E a ideia de adquirir hospitais e clínicas é uma oportunidade de gerenciar o aumento da inflação médica de maneira a manter a relevância.
Impactos da pandemia nas fusões e aquisições do setor bancário
Ainda que as fusões e aquisições do setor bancário viessem numa crescente desde o movimento de desregulamentação, elas foram impactadas pela pandemia da COVID-19. Aliás, como aconteceu em praticamente todos os segmentos.
Num contexto geral, os números desse segmento permaneceram estáveis mesmo diante da crise econômica desencadeada pela crise de saúde pública. Mas quando se analisa especificamente M&A, observou-se uma queda de 26% nas fusões e de 41% nas aquisições em 2020, em comparação com o ano anterior. Os números são da KPMG, organização global de prestação de serviços de Audit, Tax e Advisory.
As incertezas em relação ao futuro estão entre os fatores que contribuíram para o adiamento de negociações que estavam em andamento.
Em contrapartida, falando especificamente sobre o mercado brasileiro, houve uma demonstração de resiliência nas atividades financeiras. Nos anos de 2019 e 2020, as fintechs e bancos digitais foram os grandes responsáveis pelo impulsionamento de fusões e aquisições. Mais uma prova do impacto dessas instituições no setor financeiro.
Além disso, dentro das fusões e aquisições que ocorreram, houve um aumento das transações internacionais em detrimento das domésticas.
Expectativas para o futuro
Ainda que a M&A tenha sofrido um declínio no setor bancário com a pandemia, as expectativas para o futuro já são positivas. O cenário é favorável para que o movimento de fusões e aquisições nesse segmento volte a se intensificar como antes. Isso se comprova por meio de alguns elementos:
O setor bancário como um todo, volta a apresentar um momento positivo de consolidação pós-pandemia. Essa solidez é conveniente para transações comerciais entre empresas;
Com os avanços da tecnologia, especialmente no setor financeiro, os bancos estão sentindo a necessidade de investir na aquisição de recursos digitais que modernizem as suas operações e as tornem mais atrativas para clientes existentes e em potencial;
A busca pela restauração da lucratividade de outrora também tem se mostrado como uma prioridade para as instituições bancárias. E a geração orgânica de capital, de maneira isolada, não é suficiente para isso. Assim a M&A é uma das alternativas para isso;
Em diversos países, tem se evidenciado um movimento reduzir exigências de capital anteriormente mais rígidas e diminuindo também as restrições antes impostas para negociações estrangeiras.
Vale ressaltar que nas dinâmicas de M&A que ocorrem no setor bancário, existe um grande fluxo de informações altamente confidenciais que precisam passar por etapas de análise. Por meio do data room, é possível garantir que esses dados tenham a sua segurança devidamente preservada, garantindo maior transparência e credibilidade ao processo.
Assim, as empresas também se sentem mais confiantes para negociar, sabendo que não estão vulneráveis a ações potencialmente maliciosas.
No período atual, as condições existentes para o incremento de M&A no setor bancário são altamente favoráveis. Assim, é bastante provável que as fusões e aquisições passem a ter ainda mais impacto sobre o crescimento desse segmento.
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