Devido a compra de ativos de energia renovável, as fusões e aquisições do setor de energia do Brasil devem bater recordes. A compra em questão foi feita por investidores chineses e por petroleiras europeias de grande porte. As informações em questão foram veiculadas pela empresa de auditoria KPMG.
Segundo o veiculado no site MoneyTimes, entre os 29 negócios do setor no primeiro semestre, 17 ou 18 estavam associados aos projetos de energia renovável. Isso representa um salto de 71% em relação ao mesmo período do ano passado.
Assim, Paulo Coimbra, da KPMG Brasil, chegou a declarar que estes investimentos são uma questão de sobrevivência.
Devido a estes fatores e ao número de negócios que ainda serão fechados ao longo do segundo semestre de 2022, é possível que o número de transações do setor de energia supere a marca de 61, o recorde estabelecido no ano de 2006.
Aumento de M&A é impulsionado por acordos ligados à energia solar e eólica
Ainda sobre este assunto, Paulo Coimbra chegou a destacar durante uma entrevista na Bloomberg do Rio de Janeiro que as energias solar e eólica estão se tornando competitivas. Para o sócio da KPMG Brasil, as pessoas que estiverem “sentadas” em reservas de petróleo grandes podem acabar passando por dificuldades futuras.
Isso está ligado ao fato de que o aumento no setor de M&A foi impulsionado por uma série de acordos com a venda de projetos em energia solar e eólica para a Total e para a CGN Energy International.
Logo, essas questões entram em contraste direto com a diminuição do interesse na Petrobrás, que não chegou a fazer investimentos nesse sentido durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro.
De acordo com o veiculado pela MoneyTimes, durante a gestão de Bolsonaro, a Petrobrás passou a intensificar os seus esforços no sentido de produzir cada vez mais petróleo. Essa estratégia é a mesma adotada por outras companhias do ramo, como a Chevron e a Exxon Mobil, ambas estadunidenses.
Por outro lado, empresas como a Total, a Dutch Shell, a Royal e a Equinor se comprometeram cada vez mais com o investimento em energia limpa, especialmente no Brasil.
Enquanto isso a Petrobrás praticamente abandonou os seus planos de fazer investimentos em planos de energia solar e eólica, que foram indicados pelos dois presidentes antecessores ao governo de Bolsonaro.
Presidente da Petrobrás fala sobre os investimentos internacionais em energia renovável
De acordo com Roberto Castello Branco, presidente da Petrobrás, atualmente existe pouco marketing e pouca ação nesse sentido por parte das companhias internacionais. Ele ainda destacou que não copiará as posturas dessas empresas e destacou a Shell como exemplo.
É interessante ressaltar que a gestão de Jair Bolsonaro tem como meda a venda de ativos estatais. Este tem sido um dos principais fatores para explicar o aumento de negócios ainda no primeiro semestre. Assim, as transações de M&A em todos os segmentos passaram por um crescimento de quase 20% em relação ao ano anterior, saltando para 461 acordos.
Somente nos 12 meses até o final de junho, foram registradas no Brasil 906 fusões e aquisições, número que representa um recorde desde o momento em que estes dados começaram a ser levantados, ainda em 1994. De acordo com Coimbra, o maior negócio desse ano ainda está por vir.
Setor de M&A esquenta na América Latina
Apesar das preocupações dos banqueiros, o setor de M&A ligado à energia renovável está esquentando na América Latina. Ainda que o clima político e a fraqueza na estrutura econômica de boa parte do continente sejam uma realidade, dados coletados pela Trasational Track Record mostram essas questões.
Somente no ano de 2021, este setor passou por um crescimento de 40,5%, uma constante que se manteve em 2022. Devido a este crescimento no ano passado, o valor dos negócios passou por um aumento de 243%.
Nesse sentido, Marcela Chacón, analista do TTR, chegou destacar que o crescimento esteve ligado principalmente ao setor das renováveis. Segundo a sua fala, este aumento representou um recorde e se mostrou alheio à crise. Logo, o setor ganhou uma participação de mercado mais significativa dentro do médio prazo.
Financiamento corporativo para energia solar dispara
Ainda em 2021, outra notícia relevante ligada às energias solares diz respeito ao aumento do financiamento corporativo para energia solar. De acordo com a consultoria internacional Mercom Capital, as operações de financiamento e M&A passaram por um aumento durante o primeiro semestre de 2021.
O crescimento foi bastante expressivo com relação ao mesmo período em 2020. De acordo com o relatório da empresa, os projetos do setor totalizaram US$13,5 bilhões somente no período citado, algo que representou um crescimento de 193% em relação ao mesmo período de 2020, quando foram somados US$4,6 bilhões.
De acordo com Raj Prabhu, o CEO da consultoria responsável pelo relatório, as atividades corporativas de M&A cresceram significativamente. Isso aconteceu graças aos desenvolvedores solares, que expandiram os seus pipelines.
Porém, também tem ligação com as companhias de óleo e de gás, que diversificaram as suas fontes renováveis. Além disso, também foram citados enquanto contribuintes para este cenário os fundos que compram ativos de energia limpa.
Energia limpa pode impulsionar ação climática na recuperação da pandemia
Todo esse crescimento pode estar ligado ao cenário da pandemia. Isso acontece porque a indústria de combustíveis fósseis foi bastante atingida. Assim, um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mostrou que a energia renovável está mais econômica do que nunca.
Diante disso, o preço representa uma oportunidade para os que países deem prioridade para estes recursos na forma de pacotes de recuperação econômica. Isso será benefício também no sentido de aproximar o mundo do cumprimento do Acordo de Paris e das metas estabelecidas por ele.
Desse modo, os investimentos futuros podem se tornar ainda maiores. Somente no ano de 2019, a capacidade das energias renováveis, excluindo as barragens elétricas de grande porte, chegou a passar por um aumento de 184 GW, o que representa 12% a mais que no ano de 2018.
Portanto, os investimentos em energia limpa se mostram como parte interessante dos pacotes de recuperação dos governos, de modo que elas podem ser usadas para criar economias mais sustentáveis.