As práticas de compliance têm ganhado cada vez mais destaque no ambiente corporativo, especialmente quando se trata de fusões e aquisições (F&A). Nesse contexto, compliance vai além do simples cumprimento de normas; ele representa um conjunto de práticas que busca assegurar que todas as operações e condutas das empresas estejam alinhadas com leis, regulamentações e padrões éticos, além de serem adequadas ao ambiente competitivo e cultural. Em processos de fusão e aquisição, onde grandes mudanças estruturais e operacionais são realizadas, o compliance torna-se fundamental para evitar problemas legais, garantir a transparência e fortalecer a confiança entre as partes envolvidas.
Nos últimos anos, estudos da área têm mostrado que empresas que seguem diretrizes robustas de compliance são mais valorizadas e atraem investidores com maior facilidade, resultando em um impacto positivo na conclusão de transações. Segundo uma pesquisa da Deloitte, 82% das empresas envolvidas em fusões e aquisições passaram a investir mais em compliance, principalmente após a intensificação de regulações globais, como o Foreign Corrupt Practices Act (FCPA) nos Estados Unidos e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil. Essas exigências reforçam o compromisso de que operações de F&A sejam realizadas com transparência e responsabilidade, evitando consequências financeiras e de imagem no longo prazo.

Mitigação de Riscos e Due Diligence
Durante o processo de fusões e aquisições, uma das etapas mais importantes é a due diligence, que consiste em uma análise minuciosa das operações, finanças, riscos e conformidade da empresa-alvo. O compliance, nesse contexto, exerce um papel essencial, pois permite identificar e mitigar riscos associados à corrupção, práticas antiéticas, lavagem de dinheiro, entre outros problemas que possam comprometer a segurança da transação.
O Impacto do Compliance na Due Diligence
Para que uma due diligence seja eficaz, as empresas devem considerar o compliance como uma ferramenta para investigar possíveis riscos relacionados à legislação local e internacional. Segundo o estudo da KPMG, 72% dos líderes empresariais apontam o compliance como fator crítico para avaliar uma empresa durante a due diligence. Isso se traduz em processos rigorosos de auditoria e na análise de documentação jurídica, contratos de trabalho, políticas de relacionamento com terceiros e condutas fiscais.
A aplicação do compliance na due diligence permite às empresas adquirentes mapear riscos, corrigir potenciais irregularidades e evitar situações que possam comprometer o valor da aquisição. Dessa forma, empresas que possuem práticas sólidas de compliance ganham destaque e confiança no mercado, o que pode impactar diretamente na avaliação final da transação.
Valorização da Empresa e Transparência no Mercado
Empresas que possuem um compliance eficiente são vistas como mais seguras e confiáveis, o que aumenta a sua atratividade no mercado de F&A. Isso ocorre porque o compliance demonstra o compromisso da empresa com a transparência, ética e responsabilidade social, elementos que são essenciais para qualquer transação comercial bem-sucedida.
A Percepção dos Investidores
Para investidores e empresas adquirentes, o compliance atua como um sinal de que a empresa é menos suscetível a riscos legais e reputacionais, o que torna o negócio mais atraente. Segundo uma pesquisa realizada pelo Boston Consulting Group, empresas que investem em compliance apresentam uma valorização de até 15% em comparação às que não possuem práticas de conformidade bem definidas. Isso se deve à crescente exigência de investidores por transparência e a certeza de que as operações ocorrerão dentro dos limites legais, reduzindo as chances de problemas futuros.
O compliance também impacta a percepção da marca, tanto internamente quanto externamente. A empresa-alvo que pratica a conformidade em suas operações tende a atrair e reter talentos, parceiros e clientes, elevando o valor de mercado e garantindo um processo de transição mais tranquilo para ambas as partes envolvidas na fusão ou aquisição.
Redução de Conflitos Culturais e Integração Pós-Fusão
Após a finalização de um processo de fusão ou aquisição, a integração das empresas representa um grande desafio, especialmente quando há diferenças significativas na cultura organizacional e nas políticas internas de compliance. Empresas que alinham suas práticas de conformidade conseguem estabelecer um ambiente mais harmonioso, facilitando a adaptação dos colaboradores e minimizando conflitos culturais.
Compliance e Alinhamento Cultural
A implementação de um programa de compliance que contemple a cultura e os valores da empresa adquirida é essencial para evitar resistências e conflitos. De acordo com uma pesquisa da PwC, 65% dos processos de F&A enfrentam desafios significativos durante a integração cultural, e muitos deles estão relacionados ao desalinhamento de políticas internas, condutas éticas e expectativas dos colaboradores.
Empresas que priorizam o compliance culturalmente adaptado observam um maior sucesso em suas integrações, já que um código de ética compartilhado facilita a aceitação das mudanças, promove a transparência e solidifica a nova estrutura organizacional. Esse alinhamento torna o processo de fusão mais leve e reduz as chances de choque cultural, que pode prejudicar a produtividade e a eficiência operacional.
Compliance e Proteção de Dados
Outro aspecto relevante nas transações de F&A é a proteção de dados, um tema que tem ganhado grande importância com o avanço das tecnologias digitais e as exigências regulatórias, como o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (GDPR) na Europa e a LGPD no Brasil. Em processos de fusão e aquisição, o compliance assegura que os dados dos clientes e das empresas estejam protegidos durante e após a transação.
Impacto das Leis de Proteção de Dados nas Fusões e Aquisições
A adequação às leis de proteção de dados influencia diretamente na avaliação e viabilidade de uma fusão ou aquisição. Em muitos casos, a empresa adquirente exige que a empresa-alvo esteja em conformidade com as normas de proteção de dados, pois a responsabilidade sobre o tratamento e armazenamento seguro das informações se estende para ambas as partes. De acordo com dados da Accenture, 59% dos executivos envolvidos em processos de F&A afirmam que a proteção de dados é um fator decisivo no momento da aquisição.
No atual cenário global, onde as regulamentações estão em constante evolução, empresas que adotam práticas sólidas de compliance têm uma vantagem competitiva, atraindo investidores e gerando valor de longo prazo para todas as partes envolvidas. Portanto, para o sucesso de um processo de fusão ou aquisição, é fundamental que as empresas integrem o compliance como uma prioridade estratégica, garantindo que as operações sejam conduzidas com responsabilidade, segurança e alinhadas aos padrões éticos globais.