O ano de 2021 bateu recordes históricos em transações de fusões e aquisições (M&A, em inglês). Foram mais de R$ 344 bilhões movimentados por meio de diversos métodos, como os M&A propriamente dito, mas também pelo grande número de IPOs que ocorreram no ano. Mais de 50% das operações envolveram mais de R$ 10 bilhões e foram voltadas para consolidar setores, como na saúde, na energia, nos transportes e também no varejo. Conhecer essas operações é uma maneira de estudar melhor os seus investimentos, assim como para estruturar a própria empresa para um crescimento saudável que atraia a atenção do mercado.
Assim, criamos um conteúdo exclusivo com as 3 maiores fusões e aquisições no Brasil em 2021.
Confira!
Compra do Grupo BIG pelo Carrefour
Quando falamos nas maiores fusões e aquisições do ano, não nos referimos necessariamente a valores, mas em grau de importância para o seu setor. Portanto, para o varejo, sem dúvidas, a compra do Grupo BIG pelo Carrefour é um divisor de águas. Segundo comunicado da empresa, é uma maneira de consolidar a marca como líder absoluta do setor, empregando mais de 150 mil pessoas no país, com mais de 1000 lojas em território nacional.
A compra em si envolveu cerca de R$ 7 bilhões, tendo sido concluída apenas em junho de 2022. Ademais, foi realizado um investimento de mais de R$ 2 bilhões para converter as lojas do grupo BIG em Carrefour.
O Grupo Carrefour, no mundo, possui um faturamento de aproximadamente 1 bilhão de euros, ou 1,1 bilhão de dólares. No Brasil, por meio do Sam’s Club, licenciado pelo Walmart, é responsável por cerca de 25% do mercado de alimentação no país.
É importante notar que essa compra aconteceu em meio a um cenário de alto crescimento do grupo, que veio ao Brasil fazer as compras após não conseguir autorização do governo canadense para a compra Couche-Tard.
O presidente-executivo do grupo, Alexandre Bompard, então, será nomeado presidente do conselho administrativo ainda em julho de 2022, enquanto o investidor e segundo maior acionista, Abílio Diniz se tornará vice-presidente.
Unidas e Localiza
Em 2020 a Localiza anunciou a intenção de compra da Unidas, uma empresa que, após a aquisição, valerá cerca de 50 bilhões, contando com aproximadamente 76% do mercado de aluguel de carros.
A Localiza é uma empresa antiga no cenário nacional, tendo surgido nos anos de 1970 na cidade de Belo Horizonte com apenas 6 fuscas financiados. Nos anos seguintes a frota foi crescendo e a marca se expandiu para outros estados.
O diferencial da marca é a capacidade de negociar com as montadoras para comprar carros com preço muito inferior ao praticado no mercado, para então alugá-los a preços acessíveis e depois revendê-los com uma excelente margem de lucro.
Já a Unidas iniciou a sua operação em 1996 com cerca de 16 veículos. A partir de 2008, quando recebeu o primeiro investimento do Banco Votorantim, passou a ser um dos players mais importantes do setor, abrindo capital logo em seguida, em 2012.
De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (Abla), o setor movimentou em 2020 cerca de R$ 17 bilhões, sendo que R$ 7 bilhões foram apenas com o aluguel de carros para pessoas físicas.
Assim, é simples notar o interesse da Localiza pela compra da Unidas para a sua consolidação no mercado.
No entanto, essa aquisição foi barrada pelo CADE, ficando parada por quase dois anos, até que foi autorizada em 2022 após uma série de restrições e acordos sigilosos que precisaram ser firmados.
O que se sabe é que as empresas, antes do processo, devem vender ativos para reduzir a sua participação no mercado, de modo a evitar o monopólio e uma concorrência desleal com os menores.
De acordo com uma série de entrevistas realizadas pelo Valor Econômico, os usuários ficam preocupados com o aumento dos custos, visto que todo o setor automobilístico está altamente inflado por conta da subida nos preços de combustível, energia e até mesmo de peças para automóveis.
Com a Localiza detendo mais de 70% do mercado, ela poderia aumentar os preços ainda mais. Porém, essas são cenas para os próximos meses ou anos.
Hapvida e NotreDame Intermédica
As então concorrentes Hapvida e NotreDame Intermédica anunciaram em 2021 a compra da segunda pela primeira empresa em uma transação que pode chegar à cifra de R$ 120 bilhões. A metodologia adotada foi a compra de todas as ações da Intermédia pela Hapvida, papéis que deixaram de ser negociados em bolsa no momento em que o acordo foi selado, após comunicado de fato relevante aos acionistas, seguindo os trâmites e prazos determinados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Após a fusão, a Hapvida passa a ter 53,6% das ações da empresa resultante, enquanto a GNID fica com 46,4%. A razão alegada perante o cade e a ANS (Agência Nacional de Saúde) é que ambas competiam pelos mesmos produtos e equipamentos, aumentando os custos de aquisição, por consequência, repassando aos usuários.
Essa empresa, que nasce com a fusão de duas grandes representantes do setor de saúde, é a segunda maior, atrás apenas da Rede D’Or. Serão mais de 13 milhões de beneficiários, 84 hospitais e mais de 500 clínicas e unidades de diagnóstico espalhadas pelo país.
Já em 2022, com a fusão concluída, a Hapvida que tinha protagonismo no norte e no nordeste, com a intermédica, que cuidava do Sul e Sudeste, lançaram um pacote chamado solução nacional, com uma rede completa para atender os seus pacientes de todas as regiões com a mesma qualidade e padrão.
Por fim…
Nem sempre as maiores fusões e aquisições são as que movimentam mais dinheiro. É preciso considerar o tamanho do setor sobre o qual estamos falando e o grau de importância das empresas envolvidas.
Note que todas, mesmo com movimentações muito distantes entre si, passaram pelo cade com ressalvas, justamente por conta do possível monopólio que poderia ser gerado.
Continue acompanhando o mercado de M&As para compreender como identificar as melhores oportunidades em cada um dos nichos da economia!