O Brasil está vivendo uma onda de Inicial Public Offering (IPO’s), o que significa que diversas empresas estão abrindo o capital e dando início a oferta de ações na bolsa de valores.
Em 2020, mesmo no contexto da pandemia, 28 IPO’s entraram para a lista das autorizadas pela CVM (Comissão de Valores Imobiliários), responsável por permitir ou não a entrada das empresas na B3.
O ano de 2021 deu continuidade a essa onda de IPO’s e, até o momento, 36 empresas já concluíram os IPO’s na B3, movimentando R$ 66,2 bilhões nas distribuições primária e secundária.
No entanto, qual a previsão para o término dessa onda no país? Acompanhe!
O contexto da Onda de IPO’s no Brasil
Com a taxa de desemprego na casa dos dois dígitos desde 2016, apresentando piora no contexto da pandemia do novo coronavírus em 2020 e 2021, a economia brasileira enfrenta uma das crises mais preocupantes da história.
Não obstante, empresas de diversos segmentos estão arriscando ao realizar IPO’s na bolsa de valores B3, de modo que consigam se financiar e aumentar seus investimentos.
Ademais, a redução da taxa Selic ainda tornou os investimentos em ações mais atrativos do que os de renda fixa. Nesse contexto, ocorreu um aumento expressivo no número de investidores na bolsa brasileira, gerando maior volume de capital, sendo essa uma maneira eficiente de captação para novos investimentos, diversas empresas regionais e ainda desconhecidas estão fazendo planos para realizar IPO.
IPO’s já realizados e previstos em 2021
O ano de 2020 fechou com 28 IPO’s realizados na B3. Já no início de 2021, pode-se perceber a continuidade dessa onda de ofertas iniciais, com 13 empresas movimentando R$ 10,6 bilhões com a venda de novas ações.
Abrir o capital da empresa significa trocar uma parte da empresa por dinheiro, sendo que, o investidor que comprar uma ação, acabando se tornando sócio daquele negócio.
Esse movimento gera financiamento para as empresas que desejam expandir ou pagar as dívidas mais caras, entre outras necessidades.
É com esse intuito que 2021 já totalizou 36 IPO’s realizados, dentre as empresas estão CSN Cimentos, Dori Alimentos e Lupo.
Acompanhando essa onda, outras 26 empresas aguardam autorização da CVM para ingressarem na B3. No entanto, nem todas as empresas tem visto um mercado favorável para realizar IPO e, apesar de terem iniciado o processo junto a CVM, acabaram desistindo ou interrompendo até que as condições sejam melhores.
Até quando essa onda de IPO’s permanecerá?
Apesar da lista de empresas para IPO’s continuar longa, existem outras que decidiram esperar um momento menos arriscado para suas ofertas iniciais em ações na bolsa.
Mais de 20 empresas estão sem data certa para entrarem na B3, porém ainda há possibilidade de que esses IPO’s aconteçam.
De modo a entender melhor sobre a direção da onda de IPO’s no Brasil, apresentaremos a seguir o que tem acontecido no momento atual, dentro desse contexto. Confira:
• A queda de juros impulsionou um forte movimento de IPO’s no país;
• Alguns setores sem representação na bolsa, como a saúde e educação, por exemplo, não davam opções para quem desejava investir nestes segmentos;
• Empresas da nova economia, como fintechs, ganharam força no mercado brasileiro e devem continuar em alta na B3;
• Diante do retorno sobre o investimento positivo, o investidor tende a continuar investindo.
Analisando esse contexto atual, é possível saber se a onda de IPO’s vai continuar daqui para frente?
Apesar do cenário político instável esperado para 2022 e o aumento dos juros que já está acontecendo, essa nova realidade do mercado brasileiro deve se manter em expansão.
Essa perspectiva se dá mediante a existência de empresas que não estão ligadas a economia e ao mercado financeiro, garantindo mais segurança nesses investimentos, sem que haja dependência do desempenho da economia do país.
Empresas descorrelacionadas com o cenário macro
É possível, então, investir em empresas que não dependem do bom desempenho da economia e essa é uma realidade das empresas de TI, por exemplo, ou da categoria distressed dos fundos Private Equity, bem como das empresas que estão se recuperando judicialmente e oferecem boas oportunidades de investimento.
Vale considerar que investir em corporações em situação problemática gera um risco maior, no entanto as ações tendem a ser mais baratas, aumentando o potencial de ganho.
Retorno das ações das novas IPO’s
De acordo com a Economatica, as empresas que estrearam na B3 tiveram alta valorização no índice da Ibovespa, porém algumas outras não tiveram a mesma sorte, enfrentando baixa no valor das ações.
Em 2020, 16 empresas que realizaram IPO’s no Brasil mantiveram alta no preço das ações, com uma valorização média de 43,12%.
A Locawe, empresa que mais teve alta na valorização das ações em 2020, alcançou 577% com um levante de R$ 2,750 bilhões.
Alta no investimento em tecnologia
Uma das principais apostas na bolsa de valores atualmente é a área de tecnologia, visto que a pandemia acelerou o processo de digitalização das empresas e os papéis de tech começaram a surgir no mercado de ações.
Dessa forma, os investidores vêm demonstrando maior interesse nos ativos de tecnologia devido a sua alta capacidade de crescimento, além do retorno positivo nos lucros.
Alguns exemplos de bons resultados são das ações de Méliuz que tiveram suas ações valorizadas em 183% desde o IPO. Também a Enjoei, que mantém uma alta de 70,7%%, além da Neogrid com 85,5%.
A verdade é que as empresas tecnológicas que realizaram IPO’s até agora estão oferecendo boas perspectivas aos investidores, mas é preciso sempre considerar que os resultados podem ser bons ou ruins.
O que se espera é que as techs cumpram com o que foi prometido durante o Road show para que o mercado tecnológico de investimento continue a crescer.
Conclusão
Em meio a este cenário de aumento dos IPO’s no Brasil, a expectativa é que muitas outras empresas façam suas ofertas iniciais de ações até o próximo ano, ainda que a instabilidade política e o aumento de juros estejam se apresentando como riscos.
Com a digitalização acelerada em todos os segmentos do mercado, as empresas techs têm sido apreciadas pelos investidores institucionais, devido ao seu intenso ritmo de crescimento.
Logo, a onde de IPO’s no país deverá permanecer pelos próximos meses, entrando em 2022 com perspectivas de bons resultados.